Programa
Nuclear
da
Marinha
Num
trabalho
de
divulgação
aos
diretores
da FIESP/CIESP,
em
junho
de 1997, denominado “Submarino
Nuclear”,
ainda
na
profícua
administração
do
presidente
Carlos Eduardo
Ferreira
Moreira,
que
prefaciou o
trabalho,
mencionei a
figura
do
Almirante
de
Esquadra
Arlindo Vianna
Filho,
que
no
seu
livro
“Estratégia
Naval
Brasileira”
repetiu
ali
uma
afirmativa
do
nosso
Barão
do
Rio
Branco
ao
analisar
lição
da Historia: “Desde
Riachuelo compreendia,
como
agora
de
novo
se compreende
entre
nós,
que
navios
e
marinheiros
não
se improvisam e
que
uma
nação,
como
a
brasileira
com
tão
vasta
extensão
de
costa
e
tão
grandes
rios
internacionais,
precisa
estar
seriamente aparelhado
para
a
pronta
defesa
de
suas
comunicações
marítimas e
fluviais,
dos
seus
portos
e comercio”.
Apesar
da
advertência
desse
brasileiro
respeitável,
orgulho
da
nossa
diplomacia,
as duas últimas
guerras
mundiais,
especialmente
a
Segunda,
encontrou
nossa
Marinha
com
seu
equipamento
desatualizado. Lembro
perfeitamente
que,
quando
o
governo
brasileiro
reconheceu o
estado
de
guerra
contra
as
potências
do
eixo
Roma-Berlim,
nos
idos
de 1942, os
navios
da
esquadra
iam
para
o
mar,
tão
indefesos
como
simples
traineiras
de
pesca,
de
vez
que
não
possuíam
sonares
e os
radares
ainda
não
eram
acessíveis
aos
nossos
barcos.
Mesmo
assim,
o
nosso
pessoal
enfrentou o
perigo
com
dignidade,
e na
medida
em
que
novos
equipamentos
foram chegando, rapidamente,
oficiais
e
marinheiros,
dominaram
seu
uso,
aprenderam as
novas
tecnologias
e
comboios
e
patrulhas
foram organizados.
O
resultado
não
se fez
esperar
- acabaram os afundamentos de
navios
mercantes
na
nossa
costa
e, no
final
do
conflito,
apesar
de todas as
deficiências
materiais,
a
Força
Naval
do
Nordeste
sob
o
Comando
do
Almirante
Alfredo Carlos
Soares
Dutra,
pai
do
meu
colega
de
turma
do
mesmo
nome,
com
suas
corvetas,
sua
flotilha de Caças-Submarinos,
seus
destroyers de
escolta,
seus
três
destroyers da
classe
Marcilio
Dias,
dois
velhos
cruzadores
“Baia”
e “Rio
Grande
do
Sul”,
alem de
dois
velhos
encouraçados
construídos
antes
da
Primeira
Guerra,
”São
Paulo” e ”Minas
Gerais”,
pôde
orgulhosamente
apresentar
um
registro
de 600
mil
milhas
navegadas - 28
vezes
a
volta
da
terra
- comboiando 3164
navios,
em
575
comboios.
Eu
fiz
parte
dessa
epopéia
como
guarda-marinha,
segundo
e
primeiro
tenente
nos
meus
um
ano
e
oito
meses de
serviços
de
guerra,
com
as
medalhas
correspondentes,
que
ainda
guardo
com
certo
orgulho.
A
Marinha
assegurou o
direito
de
viver
e a
garantia
de
sobreviver
do
povo
brasileiro,
além
de garantir-lhes
também,
a
dignidade,
a
soberania
e a
independência.
A
Marinha,
segundo
o
Almirante
Arlindo, é
um
segmento
social,
profissional
e especializada, mantida
pela
sociedade
brasileira.
Tem
representação
legítima
para
preparar
e
aplicar
o
Poder
Naval
para
a
realização
dos
objetivos
nacionais
que
dependem do
uso
do
mar.
Isto
é, a
Marinha
tem o
dever
de
aplicar
na
paz
ou
no
conflito
que
não
poder
evitar,
a
parcela
significativa
do
Poder
Nacional
- o
Poder
Naval.
Esta
responsabilidade
foi sensivelmente aumentada
pela
ratificação,
pelo
Brasil, da
Convenção
das
Nações
Unidas
Sobre
os
Direitos
do
Mar,
segundo
a
qual
se “apoia
e
incentiva
a
exploração
nacional
dos
recursos
da
Zona
Econômica
Exclusiva
- ZEE,
cujos
limites
se estendem
até
200
milhas,
e dá aos
Estados
direitos
soberanos
para
fins
de
exploração,
aproveitamento,
conservação
e
gerenciamento
dos
recursos
naturais,
vivos
e
não
vivos
das
águas
adjacentes
ao
leito
do
mar,
do
leito
do
mar
e do
seu
subsolo
e no
que
se refere a outras
atividades
com
vistas
à
exploração
e o
aproveitamento
da
zona
para
fins
econômicos.
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Os artigos 61 e 62 do mesmo Tratado definem as obrigações dos Estados Costeiros, determinando que (eles, os Estados) devem fixar limites de capturas permissíveis de recursos vivos na ZEE, bem como com base em dados científicos disponíveis assegurar, por meio de medidas apropriadas de conservação e gerenciamento, que a preservação dos recursos vivos nela existentes, não seja ameaçado por excesso de captura. Estabelece ainda que os Estados “devem determinar suas capacidades de captura de recursos vivos da ZEE. No caso em que o Estado não tenha capacidade de realizar a totalidade da captura permissível, deve dar a outros Estados acesso ao excesso, mediante acordo ou tratado”. A Marinha vem trabalhando no levantamento dos Recursos do Mar para garantir nossos direitos desde 1988, mas fica evidente, que para fazer face a sua responsabilidade de fiscalização e gerenciamento das atividades na zona ZEE, precisa de uma Força Naval bem equipada em termos de homens e navios, para dissuadir transgressões e, quando necessário evitar ou punir essas agressões que possam afetar nossa soberania. Uma força naval capaz de atender essas necessidades não pode deixar de contar com submarinos nucleares, que têm grande raio de ação, velocidade adequada para atingir os locais da ação com a presteza necessária, são silenciosos, podem passar longos períodos submersos porque não dependem de oxigênio para combustão e são muito difíceis de destruir. Na realidade são ideais para atuar em áreas abertas como as ZEE, e o último conflito no Atlântico Sul - a Guerra das Malvinas -, comprovou, sem dúvidas, essa afirmativa. Essa é a razão primeira pela qual a Marinha vem lutando há tanto tempo para ter seu submarino movido à propulsão nuclear.
Agora , segundo noticias da imprensa, a Agencia Internacional de Energia Atômica (AIEA), está querendo impor condições de inspeção nas instalações envolvidas no processo de enriquecimento de Urânio no país. A posição da Marinha, que é a do Ministro da Defesa e do Governo, não é contra as inspeções em si, mas contra a assinatura de mais um protocolo que vai ampliar, ainda mais, os poderes da agencia. O Comando da Marinha, responsável pelo desenvolvimento dos equipamentos brasileiros de enriquecimento de Urânio e as agencias brasileiras do setor, alertaram o governo de que, por trás das mudanças pretendidas pela agencia internacional, podem existir desejos outros de apropriação da tecnologia de ponta desenvolvida no Brasil, com sangue, suor e lágrimas, alem da inventividade natural dos brasileiros, e do investimento já efetuado.
Na
verdade
nossa
tecnologia
é
superior
à
americana
e à francesa. Nossas centrifugas parecem
ser
as
mais
bem
desenvolvidas e a
nossa
centrífuga
de enriquecimento de
Urânio
não
gira
em
torno
de
um
eixo
mecânico,
mas
de
um
eixo
imantado. Parece
que
estamos
diante
de
um
problema
de
preservação
de
tecnologia.
Para
os
não
familiarizados
com
os
princípios
e
detalhes
da
energia
nuclear,
parece interessante
esclarecer,
sem
grandes
considerações
técnicas,
que
a
energia
nuclear,
em
forma
de
calor,
é gerada
pela
fissão
de
um
isótopos
de
Urânio.
O
Urânio
natural
tem
três
isótopos:
o
Urânio
238(99%), o
Urânio
235 (O,711%) e o
Urânio
234 (O,OO6%). O
Urânio
a
ser
utilizado no
tipo
de
reator
que
a
Marinha
pretende
usar
para
a
propulsão
nuclear,
é o 235
que
é fissionável. O principio
básico
é
aquele
em
que
o
Urânio
recebe o neutron, fissiona-se, libertando
grande
quantidade
de
calor.
Esta
energia
é usada no
reator
para
vaporizar
água,
mover
uma
turbina
que
por
sua
vez
aciona
um
motor
elétrico
que
propulsiona o
navio.
Acontece
que
o
Urânio
natural,
como
já
esclarecido,
possui
apenas
O,7% do
Urânio
235
que
para
utilização
como
combustível
tem
que
ter
uma ... |