Ministério
da Defesa - Ênfase na Logística
Em
quase todos os países
de significativa expressão
militar, o Ministério da Defesa
joga importante papel
na organização nacional.
Uma das suas
mais importantes tarefas
é dotar forças armadas
com capacidade de
agir integradamente e operar combinadamente. Cabe ao Ministério o processo de
definir e preparar o poder militar. Esta será a grande tarefa nos tempos de
paz, recaindo tais atividades no campo da Logística Nacional.
A integração
entre forças se faz necessário
tanto no plano nacional,
onde o Exército, a Marinha
e a Aeronáutica de um mesmo
país devem ter capacidade
para operar combinadas, quanto no plano
internacional, pela necessidade de que tais forças
precisem agir em conjunto
com as de outros países,
com o propósito de atender
à compromissos assumidos pela política.
Neste caso, a interoperabilidade se torna uma das grandes preocupações..
Compete ao Ministério
da Defesa coordenar e conduzir esse
processo, já que
é necessário impor linhas
de ação que, embora
não sejam as melhores
alternativas quando
analisadas do ponto de vista de cada
força isoladamente, são
aquelas que minimizam as perdas
individuais e maximizam o ganho do conjunto
das três forças, ou seja, do poder
militar.
No caso
brasileiro, infelizmente, o Ministério
da Defesa ainda está longe
de poder afirmar que
qualquer avanço significativo
nesse campo foi alcançado.Existem várias razões
para esse fracasso.
Talvez se confirme o escrito
e reafirmado várias vezes, de que o Ministério
da Defesa foi criado mais
com o sentido de afastar
os militares da esfera
política, ou da cúpula
civil do poder, do que
realmente propor novas
abordagens para questões
técnicas. Talvez a motivação maior tenha sido a do
poder político ocupar o vazio que ele mesmo propiciava, assumindo, agora, suas
responsabilidades nas questões de Segurança e de Defesa.
Qualquer
que seja a hipótese, ainda assim a mudança
na estrutura do segmento da Defesa
do país, pelo advento do Ministério,
embora de vulto e custosa,
não trouxe em seu
bojo um correspondente
aporte de inovações e aperfeiçoamentos que
tenha justificado os custos envolvidos. Tal
estrutura carece, portanto, de aprimoramentos.
Oportunidades de Aprimoramento
Em nossa
percepção o principal motivo de falha da administração militar recai no fato de
não ser atribuída a adequada consideração à LOGÍSTICA, em seus vários níveis. A
abordagem da LOGÍSTICA não está no mesmo nível da POLÍTICA e ESTRATÉGIA
consideradas no âmbito militar.
Quando se afirma
que na fase de concepção estratégica (do Método de Planejamento Estratégico
advogado pela ESG) as trajetórias (seqüência de ações estratégicas) devem ser
submetidas ao teste de exequibilidade e aceitabilidade (além da
adequabilidade), se está dizendo, em outras palavras, que a Logística condiciona
a Estratégia. A própria Logística pode ser uma Estratégia, como o foi, para os
EUA, na Segunda Grande Guerra Mundial. Todas essas considerações trazem a
baila a necessidade de capacidade industrial de um país, organizada desde os
tempos de paz, contribuindo para o preparo do material de emprego militar, até
sua expansão planejada, em apoio às operações das forças armadas num esforço de
guerra que eventualmente possa surgir.
Asim, uma medida
que pode contribuir para aumentar
a capacidade das forças
em operar integradamente é a
instalação de Escola (ou Colégio Industrial)
destinada a ministrar conhecimentos
comuns ao desenvolvimento
da Logística nas Forças
Armadas. Disciplinas importantes
para o gerenciamento integrado tais
como a Engenharia de Sistemas,
a Logística de Obtenção
e a Engenharia Logística
ainda não são
convenientemente estudados e empregados.
Para tal tarefa, somente
a Escola Superior de Guerra
(Curso de Logística e Mobilização - CLMN, para civis e militares)
não parece ser suficiente,
visando maior integração do setor industrial civil com o setor militar.
No mínimo porque nem todos que chegam aos altos postos de mando têm a
oportunidade de cursá-lo.
Ainda
na área do ensino,
urge rever a matriz de ensino
dos diferentes ramos
de serviços (forças armadas), com
o propósito de abordar importantes disciplinas que
contribuam para o aperfeiçoamento da estrutura
de defesa nacional, à
luz do estado de conhecimentos
atual. Por exemplo, a abordagem da Logística na
Defesa Nacional só teria vez no C-PEM, no caso da marinha, mas parece que não
é, aualmente, abordada com profundidade adequada. A outra possibilidade é, como
já mencionamos linhas atrás, no CLMN da ESG, que, como vimos, é para poucos.
Importante
também é o estabelecimento
de um Centro de Jogos
de Estratégia para as três
forças. Muitas das atividades
militares só podem ser
demonstradas com o engajamento em
operações reais de guerra,
ou com a simulação, que
assim se torna ferramenta
de incontestável valor
para o preparo da Defesa.
Da Secretaria
responsável pela Logística
(SELOM) podem partir iniciativas
de padronização de diversos processos
e procedimentos no campo logístico dentro
dos diferentes ramos
de serviços. No entanto,
observa-se a condução da logística
segundo princípios e
procedimentos de tempos em
que as operações combinadas ou a
interoperabilidade sequer eram
cogitadas. O Programa de Apoio Logístico Integrado, por exemplo, pode ser
iniciado a a partir desse nível, supra setorial. De fato, a responsabilidade da
SELOM recai sobre a Logística Militar, não havendo clara definição, no
Ministério, de quem cabe disseminar conceitos da Logística Nacional (a função
ensino é também da SELOM).
Outro
importante ponto a considerar
é a modernização das Forças Armadas.
O fulcro das iniciativas na produção
de sistemas de defesa
deve tomar como referência
o paradigma da integração operacional
(joint). Tal referência balisa os investimentos
na fabricação e produção de sistemas
de defesa apropriados,
abrindo assim o caminho
correto para modernização das forças
armadas com foco
na operação combinada, além
de contribuir para a exportação
de material de emprego
militar produzido no país.
(Evitaria a corrida na obtenção de recursos para sistemas de defesa entre as
forças, proveria elementos para o estabelecimentos de prioridades, etc)
Uma outra
oportunidade de aprimoramento
do sistema de defesa
é a criação de um Processo
de Obtenção de Sistemas de Defesa padronizado.
Caso isso não
ocorra, sequer poderão ser
atribuídas prioridades aos diferentes
arranjos de forças
considerados, tornado impossível
escolher, por exemplo,
entre empregar recursos
para a criação de Exército
de um dado nível
de operacionalidade, obter um submarino
com propulsão nuclear
ou obter aviação estratégica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É sabido que "A
capacidade econômica limita as forças combatentes que podem ser criadas".
Como corolário " é obvio que os fatores econômicos-logísticos, pois,
determinam os limites da estratégia". Desse modo torna-se importante as
considerações logísticas nesse nível da defesa nacional, as quais competem ao
Ministério da Defesa .
O ato econômico da mobilização
relaciona-se com a grande estratégia, enquanto que a ação da logística
operacional relaciona-se com os planos estratégicos específicos e operações
táticas específicas." Portanto, torna-se essencial, também, as
considerações sobre Logística Nacional voltadas para os aspectos da Defesa.
Várias são os aspectos, nas
atividades do Ministério da Defesa, que indicam oportunidades de aprimoramento,
principalmente nos assuntos gerenciais administativos, sem, contudo,
negligenciar suas naturezas técnicas. Foram citados, apenas como exemplo, o
Programa de Apoio Logístico Integrado e a padronização de um Processo de
Obtenção de Sistemas de Defesa. Aspectos de ensino devem também ser
modernizados e ampliados, pela criação de instrumentos apropriados, como a
criação de uma Escola que trate dos aspectos industriais (visando a integração
civis/militares); de ferramentas de disseminação de conceitos comuns às três
forças armadas, usando a Internet, por exemplo.