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CICLO DE VIDA DOS SISTEMAS

Artigo 39_2                                                                    ano 2011 (abr/mai/jun)                                                           VAlte (Ref) Ruy Capetti   

CADERNO DE ESTUDOS (1)

É interessante notar na prática de várias disciplinas técnicas, muitas derivadas de ciências exatas, como há conceitos que são absorvidos quase que por “oosmose”, sem que haja preocupação de defini-los. Talvez isso aconteça em face de maior importância para os resultados da aplicação dessas disciplinas, do que propriamente entender as teoria que as fundamentam.

Na área das ciências exatas, matemática, por exemplo, para quem aplica os resultados práticas das conclusões teóricas envolvidas, que interessa a diferença entre infinitamente pequeno ou infinitesimal?  Se a soma dos ângulos internos de um triângulo é maior, igual ou menor a dois retos? Se a geometria é de  Lobacheviskii ou riemanniana? Ou euclideana? 

Contudo, nessas práticas, há considerações que conduzem à resultados corentes e consistentes com suas teorias, e estas não podem ser completamente esquecidas. Exemplo disso é o caso das probabilidades, quando são muitas as armadilhas de se tomar o número que a representa como sua medida.

Neste caso em particular falta atender à determinadas condições para que o número invocado sirva como unidade de medida. Semelhante ao caso do arco duplo, ao qual não corresponde a corda dupla (falta constância de soma), portanto a corda não pode ser tomada como unidade de medida do arco. No cálculo das probabilidades tomar-se como medida a razão de caso para o número de casos possíveis pode levar à armadilhas diversas.

A dificuldade nos cálculos de probabilidade se relacionam com determinar o número de eventos possíveis, contar as ocorrências de cada evento, contar o número total de eventos. O que é especialmente difícil é chegar a conclusões que tenham algum significado, a partir das probabilidades calculadas (a prática)Uma piada sobre probabilidade, o problema de Monty Hall, demonstra as armadilhas muito bem.

Em Engenharia de Sistemas, observa-se nas várias obras de referência, menção ao ciclo de vida de sistemas, e muitas vezes nem nos passa pela cabeça aprofundar-se no que seja ciclo, no que seja vida ou no que sejam os sistemas. Absorvemos o conceito de ciclo de vida de sistemas, sem conhecer sua definição, como se fosse um conhecimento natural.

Não estamos comparando a importância das considerações dos tópicos acima citados com este caso, qual seja, falta de definição do que seja ciclo de vida de sistemas. A distância entre eles e inimaginável!

O que desejamos apenas é enfatizar a necessidade de usar os conceitos não só conhecendo-se sua mera descrição mas, e acima de tudo, destacando-se suas características. Eis a razão para este artigo.  Pesquisar uma definição para ciclo de vida dos sistemas.           

Ciclo de vida dos sistemas, tradução do inglês  System Lifecycle  para a nossa língua, é um importante conceito associado ao processo de Engenharia de Sistemas, uma vez que neste ciclo se desenrolam todas as fases de desenvolvimento  de sistemas artificiais, ou sistemas feito pelo homem, desde a concepção até a sua eliminação.

Como o processo de Apoio Logístico Integrado é inerente no processo da Engenharia de Sistemas, o entendimento do que seja  ciclo de vida dos sistemas tem bastante relevância na aplicação destes  processos e, por essa razão recebe significativa  cobertura nas instituições e nas obras citadas na Bibliografia.

Em cursos especializados de âmbito internacional, voltados para projetos intensivos em tecnologia e desenvolvimento de produtos, o conceito de  ciclo de vida dos sistemas tem sido abordado como uma das unidades de ensino fundamentais para expansão dos demais conhecimentos da Engenharia de sistemas, uma vez que abrange (a) o domínio da definição de um problema; (b) o domínio da solução procurada; os conceitos chaves e relacionamentos; (c) o relacionamentos entre produtos de trabalho na definição do problema e na satisfação de todos os envolvidos; e finalmente (d) por poder se desenvolver segundo diferentes estratégias como em cascata (do inglês waterfal), incremental (do inglês incremental), evolucionário (do inglês evolutionary) e em espiral (do inglês spiral).[HALIGAN, Robert. Project Performance Internacional – System Engineering Course Outline.]

A expressão ciclo de vida dos sistemas, composta de ciclo de vida (derivada do inglês lifecycle), mais uma qualificação para uma determinada área de aplicação – sistemas, pode ser compreendida tanto quanto forem compreendidas suas partes componentes: o ciclo de vida e os sistemas.

Parte componente: ciclo de vida.

Gil  Branco  Filho [BRANCO Filho, Gil. Dicionário de Termos de Manutenção, Confiabilidade e Manutebilidade. Edição Mercosul,  Rio de Janeiro, Editora Ciência Moderna Ltda., 2000], pretende definir ciclo de vida como

o tempo durante o qual um Item conserva sua capacidade  de utilização. O período compreende desde sua aquisição até que é substituído ou é objeto de Restauração/Reparação.

 Na Internet encontram-se vários ''sites'' que igualmente pretendem definir ciclo de vida, tal como em definição de ciclo de vida. Observa-se que quando se referindo a um determinado contexto, a expressão ciclo de vida vem seguida de um qualificativo.

Parte componente: sistemas.

A teoria de sistemas é abordada em várias obras de referência. Entre muitos autores que contribuem para o estudo e a compreensão do que sejam sistemas encontramos Blanchard e Fabrycky, Systems Engineering and Analysis.

Já Jones [JONES, 2006.] referindo-se ao tempo de existência de um sistema, ao qual denomina ''tempo de vida'' (do inglês lifetime), sob a ótica da sua obtenção, esclarece que ele é composto de três estágios  genéricos, que são: de pré-obtenção do sistema; de obtenção do sistema e de uso do sistema [Jones, 2006, p. 11.2].

  

 

Neste período de ''tempo de vida'' um sistema artificial, isto é, criado pelo homem, é desenvolvido segundo as fases de concepção, avaliação, teste e seleção, design e fabricação, operação e apoio, eliminação, em outras palavras, fases do ciclo de vida global de desenvolvimento do sistema [Jones, 2006, p. 11.2].

Ciclo de vida qualificado

Em referências atuais, como em particular Jones, 2007, p. 2.1 [JONES,  2007]  o autor esclarece que, genericamente, a expressão qualificada para sistemas  traz consigo a compreensão  de que é usado para:

"transmitir a idéia de que um sistema se desenvolve segundo diversas e distintas :fases, desde seu nascimento, passando pelo uso e chegando à eliminação, e cada fase inclue ações ou condições específicas que contribuem para a sua finalidade, e para :identificação dos custos  que compõe o seu custo de posse."

Segundo Jones (JONES, 2006, p. 11.1) custo de posse é o custo total incorrido para ter e usar um sistema ou item e inclui custos de pesquisa e desenvolvimento, custos de obtenção, custos de operação, custos de apoio e custos de eliminação.

Os diversos autores consultados, entre eles Jones, quando tratam de ciclo de vida estão tratando, normalmente, da expressão ciclo de vida qualificada. Isso  pode ser constatado em vários exemplos, citados em seguida:

Horstmann [HORSTMANN, Cay. Conceitos de Computação o Essencial de Java. Tradução. Autorizada por John Wiley & Sons, Inc. Artmed Editora SA. 2003] considera o ciclo de vida do software como "englobando todas as atividades desde a análise inicial até a sua obsolescência." [Horstmann, 2003, p. 572.];

Na comunidade lusófona da Wikipedia, no artigo Ciclo de vida,  a definição de ciclo de vida em português do Brasil refere-se (ou é qualificada) à biologia; 

Ciclo de vida do produto refere-se ao produto, como o próprio título indica; e

A mesma comunidade Wikipedia recomenda  que para outros significados deva ser consultada a página de desambiguação para ciclo de vida, levando em conta que esta expressão pode se referir à várias áreas de interesse..

Definição de ciclo de vida dos sistemas

Como Ciclo de vida, ou a vida de um sistema, é um conjunto de atividades agrupadas em fases que se desenvolvem sequencialmente, desde o instante inicial da sua existência até a sua obsolescência e eliminação do inventário a que pertence, podendo se repetir em seguida, a partir da sua obsolescência ou eliminação, tantas vezes quantas o homem seu criador julgar necessárias; e 

Como a expressão, quando qualificada em aplicações diversas, comporta definição particular ou específica relativa ao campo de abordagem em que foi empregada, a definição  de ciclo de vida dos sistemas em Engenharia de sistemas,  segundo Blanchard e Fabrycky p. 19, (BLANCHARD, S. Benjamin e FABRYCKY,  J. Wolter. 2006)  é:

o exame dos sistemas abrangendo todas as fases  da sua existência, incluindo desde a sua concepção e design, a sua produção ou construção, sua distribuição, sua operação, manutenção e apoio e, finalmente, sua eliminação.

 

BIBLIOGRAFIA

BLANCHARD, S. Benjamin e FABRYCKY,  J. Wolter. Systems Engineering and Analysis. 2006, 4th edition. Prentice-Hall Incorporation. 

BRANCO Filho, Gil. Dicionário de Termos de Manutenção, Confiabilidade e Manutebilidade Edição Mercosul,  Rio de Janeiro, Editora Ciência Moderna Ltda., 2000. 

HORSTMANN, Cay. Conceitos de Computação o Essencial de Java. Tradução. Autorizada por John Wiley & Sons, Inc. Artmed Editora SA. 2003. 

INCOSE. Systems Engineering Handbook – A Guide for System Life Cycle Process and Activities. Version 3.2.2010. 

JONES, James V. Integrated Logistics Support Handbook. 3rd edition. Sole Logistics Press McGraw Hill. 2006. 

JONES, James V. Supportability Engineering Handbook. Implementation, Measurement & Management. McGraw Hill. First edition. Sole Logistics Press. 2007. 

MOORE, James,  et alli. Sumary of the Alignement of Systems and Software Lifecycle Processes Standards. 2008.

ISO/IEC JTC1/SC7. Software and systems engineering. 2008. 

 

 

Ligações externas:

Logística de obtenção e Engenharia de sistemas

Wikipedia em português

Incose