CADERNO DE ESTUDOS (1)
É interessante notar na
prática de várias disciplinas técnicas, muitas derivadas de ciências exatas,
como há conceitos que são absorvidos quase que por “oosmose”, sem que haja
preocupação de defini-los. Talvez isso aconteça em face de maior
importância para os resultados da aplicação dessas disciplinas, do que
propriamente entender as teoria que as fundamentam.
Na área das ciências
exatas, matemática, por exemplo, para quem aplica os resultados práticas das
conclusões teóricas envolvidas, que interessa a diferença entre
infinitamente pequeno ou infinitesimal? Se a soma dos ângulos internos de
um triângulo é maior, igual ou menor a dois retos? Se a geometria é de
Lobacheviskii
ou riemanniana? Ou euclideana?
Contudo, nessas práticas,
há considerações que conduzem à resultados corentes e consistentes com suas
teorias, e estas não podem ser completamente esquecidas. Exemplo disso é o
caso das probabilidades, quando são muitas as armadilhas de se tomar o
número que a representa como sua medida.
Neste caso em particular falta atender à determinadas condições para que o
número invocado sirva como unidade de medida. Semelhante ao caso do arco
duplo, ao qual não corresponde a corda dupla (falta constância de soma),
portanto a corda não pode ser tomada como unidade de medida do arco. No
cálculo das probabilidades tomar-se como medida a razão de caso para o número de casos
possíveis pode levar à armadilhas diversas.
A dificuldade nos
cálculos de probabilidade se relacionam com determinar o número de eventos
possíveis, contar as ocorrências de cada evento, contar o número total de
eventos. O que é especialmente difícil é chegar a conclusões que tenham
algum significado, a partir das probabilidades calculadas (a prática)Uma
piada sobre probabilidade, o
problema de Monty Hall, demonstra as armadilhas muito bem.
Em Engenharia de
Sistemas, observa-se nas várias obras de referência, menção ao ciclo de
vida de sistemas, e muitas vezes nem nos passa pela cabeça aprofundar-se
no que seja ciclo, no que seja vida ou no que sejam os sistemas. Absorvemos
o conceito de ciclo de vida de sistemas, sem conhecer sua definição,
como se fosse um conhecimento natural.
Não estamos comparando a
importância das considerações dos tópicos acima citados com este caso, qual
seja, falta de definição do que seja ciclo de vida de sistemas. A
distância entre eles e inimaginável!
O que desejamos apenas é
enfatizar a necessidade de usar os conceitos não só conhecendo-se sua mera
descrição mas, e acima de tudo, destacando-se suas características. Eis a
razão para este artigo. Pesquisar uma definição para ciclo de vida dos
sistemas.
Ciclo de vida dos
sistemas,
tradução do inglês System Lifecycle para a nossa língua, é um
importante conceito associado ao processo de Engenharia de Sistemas, uma vez
que neste ciclo se desenrolam todas as fases de desenvolvimento de sistemas
artificiais, ou sistemas feito pelo homem, desde a concepção até a sua
eliminação.
Como o processo de Apoio
Logístico Integrado é inerente no processo da Engenharia de Sistemas, o
entendimento do que seja ciclo de vida dos sistemas tem bastante
relevância na aplicação destes processos e, por essa razão recebe
significativa cobertura nas instituições e nas obras citadas na
Bibliografia.
Em cursos especializados
de âmbito internacional, voltados para projetos intensivos em tecnologia e
desenvolvimento de produtos, o conceito de ciclo de vida dos sistemas
tem sido abordado como uma das unidades de ensino fundamentais para expansão
dos demais conhecimentos da Engenharia de sistemas, uma vez que abrange (a)
o domínio da definição de um problema; (b) o domínio da solução procurada;
os conceitos chaves e relacionamentos; (c) o relacionamentos entre produtos
de trabalho na definição do problema e na satisfação de todos os envolvidos;
e finalmente (d) por poder se desenvolver segundo diferentes estratégias
como em cascata (do inglês waterfal), incremental
(do inglês incremental), evolucionário (do
inglês evolutionary) e em espiral (do inglês spiral).[HALIGAN,
Robert.
Project
Performance Internacional – System Engineering Course Outline.]
A expressão ciclo de
vida dos sistemas, composta de ciclo de vida (derivada do inglês
lifecycle), mais uma qualificação para uma determinada área de
aplicação – sistemas, pode ser compreendida tanto quanto forem compreendidas
suas partes componentes: o ciclo de vida e os sistemas.
Parte componente: ciclo
de vida.
Gil Branco Filho
[BRANCO Filho, Gil. Dicionário de Termos de Manutenção, Confiabilidade e Manutebilidade. Edição Mercosul, Rio de Janeiro, Editora Ciência Moderna
Ltda., 2000], pretende definir ciclo de vida como
“o tempo durante o
qual um Item conserva sua capacidade de utilização. O período compreende
desde sua aquisição até que é substituído ou é objeto de
Restauração/Reparação.”
Na Internet encontram-se
vários ''sites'' que igualmente pretendem definir ciclo de vida, tal como
em definição de ciclo de vida. Observa-se que quando se referindo a um
determinado contexto, a expressão ciclo de vida vem seguida de um
qualificativo.
Parte componente:
sistemas.
A teoria de sistemas
é abordada em várias obras de referência. Entre muitos autores que
contribuem para o estudo e a compreensão do que sejam sistemas encontramos
Blanchard e Fabrycky, Systems Engineering and Analysis.
Já Jones
[JONES, 2006.] referindo-se ao tempo de existência de um
sistema, ao qual denomina ''tempo de vida'' (do inglês lifetime), sob
a ótica da sua obtenção, esclarece que ele é composto de três
estágios genéricos, que são: de pré-obtenção do sistema; de
obtenção do sistema e de uso do sistema [Jones, 2006, p. 11.2].
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Neste período de ''tempo
de vida'' um sistema artificial, isto é, criado pelo homem, é desenvolvido
segundo as fases de concepção, avaliação, teste e seleção, design e
fabricação, operação e apoio, eliminação, em outras palavras, fases do ciclo
de vida global de desenvolvimento do sistema [Jones, 2006, p. 11.2].
Ciclo de vida qualificado
Em referências atuais,
como em particular Jones, 2007, p. 2.1 [JONES,
2007] o autor esclarece que, genericamente, a expressão qualificada para
sistemas traz consigo a compreensão de que é usado para:
"transmitir a idéia de que um sistema se desenvolve segundo diversas e
distintas :fases, desde seu nascimento, passando pelo uso e chegando à
eliminação, e cada fase inclue ações ou condições específicas que
contribuem para a sua finalidade, e para :identificação dos custos que
compõe o seu custo de posse."
Segundo Jones (JONES, 2006, p.
11.1) custo de posse é o custo total incorrido para ter e usar um sistema ou
item e inclui custos de pesquisa e desenvolvimento, custos de obtenção,
custos de operação, custos de apoio e custos de eliminação.
Os diversos autores
consultados, entre eles Jones, quando tratam de ciclo de vida estão
tratando, normalmente, da expressão ciclo de vida qualificada.
Isso pode ser
constatado em vários exemplos, citados em seguida:
Horstmann
[HORSTMANN, Cay.
Conceitos de Computação o Essencial de Java. Tradução. Autorizada por
John Wiley & Sons, Inc. Artmed Editora SA. 2003] considera o ciclo de
vida do software como "englobando todas as atividades desde a análise
inicial até a sua obsolescência." [Horstmann, 2003, p. 572.];
Na comunidade lusófona da
Wikipedia, no artigo Ciclo de vida, a definição de ciclo de
vida em português do Brasil refere-se (ou é qualificada) à biologia;
Ciclo de vida do produto refere-se ao produto, como o próprio título
indica; e
A mesma comunidade
Wikipedia recomenda que para outros significados deva ser consultada a
página de desambiguação para ciclo de vida, levando em conta que esta
expressão pode se referir à várias áreas de interesse..
Definição de ciclo de
vida dos sistemas
Como Ciclo de vida, ou a
vida de um sistema, é um conjunto de atividades agrupadas em fases que se
desenvolvem sequencialmente, desde o instante inicial da sua existência até
a sua obsolescência e eliminação do inventário a que pertence, podendo se
repetir em seguida, a partir da sua obsolescência ou eliminação, tantas
vezes quantas o homem seu criador julgar necessárias; e
Como a expressão,
quando qualificada em aplicações diversas, comporta definição particular ou
específica relativa ao campo de abordagem em que foi empregada, a definição
de ciclo de vida dos sistemas em Engenharia de sistemas, segundo Blanchard e Fabrycky
p. 19, (BLANCHARD, S. Benjamin e
FABRYCKY, J. Wolter.
2006) é:
o exame dos
sistemas abrangendo todas as fases da sua existência, incluindo desde a
sua concepção e design,
a sua produção ou construção, sua distribuição, sua operação, manutenção e
apoio e, finalmente, sua eliminação.
BIBLIOGRAFIA
BLANCHARD, S. Benjamin e
FABRYCKY, J. Wolter.
Systems
Engineering and Analysis. 2006, 4th edition.
Prentice-Hall
Incorporation.
BRANCO Filho, Gil.
Dicionário de Termos de Manutenção, Confiabilidade e Manutebilidade
Edição Mercosul, Rio de Janeiro, Editora Ciência Moderna Ltda., 2000.
HORSTMANN, Cay.
Conceitos de Computação o Essencial de Java. Tradução. Autorizada por
John Wiley & Sons, Inc. Artmed Editora SA. 2003.
INCOSE.
Systems Engineering Handbook – A Guide for System Life Cycle Process and
Activities. Version 3.2.2010.
JONES, James
V. Integrated Logistics Support Handbook. 3rd edition. Sole Logistics
Press McGraw Hill. 2006.
JONES, James
V. Supportability Engineering Handbook. Implementation, Measurement &
Management. McGraw Hill. First edition. Sole Logistics Press. 2007.
MOORE,
James, et alli. Sumary of the Alignement of Systems and Software
Lifecycle Processes Standards. 2008.
ISO/IEC
JTC1/SC7. Software and systems engineering.
2008.
Ligações externas:
Logística de obtenção e
Engenharia de sistemas
Wikipedia em português
Incose
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